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domingo, 23 de novembro de 2008


Nessa semana, pensando nos encontros sociais, costatei que fui a mais velórios que casamentos.

Mas o que isso tem a ver? Sei lá. Foi só um pensamento.

O universo fúnebre faz parte da minha vida a muito tempo. Morava perto do cemitério, na M norte,e quando usava o émitério prá cortar caminho para o centro, ia comendo amora e café. Cauculando com quantos anos a pessoa morreu, a partir da data de nascimento e da morte. Ficando impressionada com túmulos de criança. Mórbido? Não. Apenas uma singularidade da minha infância. Durante muitos anos sonhei com aquela rua, aquele campo de futebol que ficava ao lado. No ínicio dos anos oitenta, algumas pessoas faziam o cortejo a pé pelas ruas. Isso sim era mórbido. Um caixão passando na porta da sua casa.

Mas voltando ao assunto inicial, os velórios trazem uma reflexão muito profunda sobre o final da vida. Ninguém está isento de morrer em um determinado momento. Só não queremos que seja logo. Fico pensando se muitas pessoas irão ao meu enterro, se estarão realmente tristes de me perderem como companheira da vida ,ou se vão estar lá somente por curiosidade ou convenção social.

A melancolia que sinto vem disso. Cresci vendo a vida pelos aspectos mais difíceis. Tive que aprender a me defender muito cedo, porque muito cedo decobri que, a fragilidade e a ingenuidade nos torna muito vulneráveis a falta de caráter e covardia.

Não sou amarga. Longe disso. Amo a vida e sou muito impressionada com os "milagres", que as vezes acontecem. Mas também não tenho ilusões a respeito da autenticidade das pessoas. Acho quase tudo superficial e dispensável. comentei com meu terapeuta sobre como a banalidade e as frases feitas me incomodam. Ele disse que é porque eu quero mais ação. Não está totalmente errado.

Mas prá não terminar de maneira fúnebre, quero deixar registrado o quão emocionante e rico é participar de uma outra convenção social: as visitas á recém nascidos. É uma experiência que me dá muito prazer. Naquele ser humano zero kilômetro, eu vejo o que o ser humano deveria ter para sempre, mas que com o tempo se perde: a inocência e pureza.